quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Polícia tem que saber usar redes sociais para servir à sociedade; A PMBA é uma das mais “conectadas” do Brasil

Imagem: Abordagem Policial
Reportagem publicada no Correio do Povo, de Porto Alegre:
"A instituição policial deve usar as redes sociais para melhorar sua atuação. A declaração é do superintendente da Academia Nacional de Polícia, da Inglaterra, Steve France-Sargeant que esteve nessa semana na Capital mostrando a experiência britânica na segurança pública e nos grandes eventos. “As redes sociais são ferramenta importante e essencial para a tática policial”, afirmou, observando que elas permitem a aproximação da instituição com a sociedade.

France-Sargeant destacou que a valorização das redes sociais surgiu na Inglaterra após a onda de distúrbios em Londres e em outras cidades, em agosto de 2011. Em sua avaliação, o alastramento das manifestações violentas ocorreu a partir da Web. No entanto, ele contou que o mesmo conflito foi evitado em Southampton, graças à rápida articulação e ao planejamento em conjunto com a comunidade e até com a mídia local.


Na Inglaterra, que possui uma força policial única, a legitimidade e respeito da instituição é grande diante da comunidade. O oficial britânico ressaltou que existe um trabalho de cooperação entre policiais e cidadãos, resultado do policiamento comunitário, do uso progressivo da força, da participação voluntária da comunidade na vigilância e da obediência da lei, do planejamento de políticas baseadas em inteligência e de entre outros.

Steve France-Sargeant observou ainda que existe a necessidade de ser mantido sempre um equilíbrio entre a liberdade total e o controle total. “A atividade policial é um serviço público”, lembrou, destacando que o objetivo principal é a prevenção, e não a repressão. Por fim, enfatizou que a cultura da arma não existe na Inglaterra, o que faz a maioria dos policiais andar desarmada, com apenas unidades específicas dotadas de armamento.

Em relação à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016 no Brasil, ele sugere que as polícias militares estruturem suas ações pensando também de que forma os estrangeiros vão compreender a cultura local.

Conexão para os grandes eventos

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Duarte Fernandes, determinou que a corporação planeje uma estrutura direcionada às redes sociais com o objetivo de utilizá-las como ferramenta. Ele propõe que o futuro Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) para a Copa de 2014, em construção na Secretaria da Segurança Pública, já tenha um setor voltado à Web.

Na sua opinião, a presença das redes sociais na vida das pessoas e da comunidade é uma realidade cada vez maior. Segundo ele, para a segurança pública aproveitá-la é preciso que seja “uma via de duas mãos”, com troca de informações.

Na Academia de Polícia Militar, o comandante-geral da BM assistiu à palestra de Steve France-Sargeant, que havia chamado a atenção para a rapidez com que a informação chega e circula pelas redes sociais. O policial britânico recordou o caso do assassinato de um militar por terroristas em maio deste ano, em Londres. O atentado foi postado em segundos na Web antes de chegar ao conhecimento das autoridades e da imprensa.

O coronel Fábio Fernandes considera imprescindível que a instituição policial esteja conectada, “não para saber o que estão fazendo, mas para o que está acontecendo”.

Experiência foi relatada na Ufrgs

A presença em Porto Alegre de Steve France-Sargeant foi um convite do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados (Ilea) da Ufrgs e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O policial esteve na universidade gaúcha, na Secretaria da Segurança Pública e na Academia de Polícia Militar da BM. Coordenador do Ilea, o professor José Vicente Tavares dos Santos destacou a importância de se conhecer a realidade da Polícia inglesa. Sobre os grandes eventos como Copa e Olimpíadas, assinala o professor, a segurança pública inglesa dedicou uma atenção especial aos grupos violentos, em especial às torcidas organizadas. “Esses torcedores nem chegaram perto dos estádios”, observou.

O mesmo valeria no caso de distúrbios de ruas, com o trabalho preventivo antecipando-se à ocorrência dos atos de vandalismo. De acordo com o coordenador da Ila, a identificação prévia de quem é manifestante, depredador ou saqueador permite que as autoridades atuem preventivamente para impedir as desordens.

Modelo inglês vem do século 19

O modelo atual da instituição policial inglesa segue o idealizado por Sir Robert Peel, no fim do século 19. Ele criou uma força policial disciplinada e uniformizada para atuar desarmada, incentivando o tratamento cordial e o autocontrole. Formulou nove princípios que norteiam até hoje a cultura policial britânica. O primeiro indica que a missão fundamental da Polícia é prevenir o crime e a desordem. Outro diz que a Polícia “deve manter um relacionamento com o público que dá força à tradição histórica de que a Polícia é o público e o público é a Polícia”.

Steve France-Sargeant citou Peel ao lembrar que o teste de eficiência policial é a ausência do crime, e não a evidência visível da ação da Polícia em lidar com ele. Destacou ainda o princípio que diz: “O grau de cooperação do público pode ser garantido se diminuir proporcionalmente a necessidade do uso de força física”. Em seu país, explicou o oficial britânico, existem cinco níveis para o uso progressivo da força, sendo a última alternativa o uso de arma.


Leia também sobre: A PMBA está na internet http://abordagempolicial.com/2013/06/a-pmba-esta-na-internet/

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