terça-feira, 17 de setembro de 2013

Justiça: um nó de marinheiro.

Sérgio Lima
É inegável que o advogado exerce função essencial à justiça. Em tese, cabe a este profissional parte importante no processo judiciário, seja de defesa ou acusação. Mas, ao mesmo tempo em que pode ser decisivo para definir uma causa, o advogado também pode ser um obstáculo ao bom andamento de um processo.

Advogados mercenários e clientes mal intencionados. Eis aí uma mistura explosiva. Para a justiça uma combinação extremamente danosa. O cidadão que procura o Judiciário anseia por um serviço rápido, adequado e efetivo.
Para isso, conta-se com o seu braço forte, o advogado, o qual, através dos conhecimentos adquiridos durante a sua formação profissional, tem a difícil missão de proteger os interesses do cliente.


Porém, nem sempre o cliente que bateu às portas do Judiciário é atendido efetivamente em seu pleito. No caso do nosso Judiciário baiano e brasileiro, geralmente não é bem atendido com a celeridade esperada. Ao contrário, o cliente enfrenta uma longa e desgastante espera.


Nesse particular, a imagem do advogado é ruim de uma forma geral no Brasil. Isso mesmo! O advogado é mal visto no país. Quem nunca ouviu (ou fez) comentários do tipo: “Cuidado com os bolsos, ele é advogado”, “Sabe o que é uma van cheia de advogados no fundo do oceano? Um bom começo!”, e a campeã: “Sabe porque cobra não pica advogado? Ética profissional”.


Brincadeiras à parte, o caso é sério. Evidentemente que se o advogado não age com lisura, é porque encontra brechas nas leis. Exemplo: uma causa simples, onde a decisão é inevitável para uma das partes, as possibilidades de alongamento do veredito geram descontentamento na parte prejudicada e descrédito para o Judiciário. Sem falar que gera, também, mais honorários para o advogado.


Por isso mesmo há várias explicações para essa imagem negativa do advogado ter sido criada. Um amigo meu, excelente advogado e uma das muitas exceções, costuma dizer que a justificativa para isso está no comportamento pouco ético de alguns advogados, que, em bom português, “queimam o filme” da categoria. Prefiro não acreditar que existam advogados desonestos – embora em todas as profissões esse tipo de pessoa exista, infelizmente.


Voltando ao foco do artigo, sou daqueles que possuem opinião que a morosidade na Justiça tem vários motivos. Para causas consideradas perdidas (ou ganhas, dependendo do ponto de vista), existem as conhecidas manobras que empurram as definições das causas para longos anos. Nesse quesito existem advogados “craques” na arte de procrastinar (empurra com a barriga, para ser popular).


Acredito que nossa Justiça precisa de uma sacudida. Mas acredito, também, que uma postura mais ética dos profissionais que fazem o Judiciário, principalmente advogados - ajudaria a desatar este nó de marinheiro que se tornou a Justiça.

Sérgio Alves Lima
Administrador de Empresas
CRA-BA11489